Wednesday, June 24, 2015

JOGANDO LUZ ÀS PEGADAS NEGRAS

TEXTO ESCRITO POR MIM PARA LEITURA COMPLEMENTAR DO 7º ANO. 

Geralmente, quando pensamos na frase “povo civilizado”, pensamos numa população que segue uma série de critérios europeus. Assim, ao olhar para populações que se desenvolveram de forma diferente a esses critérios, pensamos que estas não são civilizadas. Nossa noção do que é um ser humano “civilizado” está muito ligado ao europeu.
Por exemplo, o que é uma pessoa culta? É aquela pessoa que entende muito de samba, ou de música clássica? Por que não ouvimos falar em “cultura branca”?. Especificamos “cultura negra” para indicar “o outro”. Quando a cultura é europeia, achamos que não há necessidade de especificação. Ou seja, a Europa elegeu a si mesma como expressão da humanidade (numa espécie de narcisismo continental).
A verdade é que, até o século 16, o desenvolvimento africano era superior ao europeu em várias áreas do conhecimento. O racismo europeu pintou uma África ruim, porque precisava negar a dimensão humana do africano para justificar sua escravização e, posteriormente, colonização.
No Brasil, a colonização tem como característica o fato de que os portugueses vieram desenvolver aqui agriculturas tropicais e realizar a exploração de recursos naturais que não eram do conhecimento europeu. Foi o conhecimento africano que viabilizou esta colonização nos trópicos. Os negros dominavam os cultivos da cana-de-açúcar, da banana, do café, do algodão, do couro e do gado, entre outros, além de serem conhecedores de técnicas de mineração amplamente apropriadas pelos conquistadores.
Os africanos também introduziram uma forma de tecelagem para fabrico de panos para roupas e para outras utilidades, entre elas redes de dormir, velas de embarcações e sacaria para embalagem de produtos alimentícios. Boa parte do vestuário utilizado pelos africanos e seus descendentes, era de fabricação artesanal própria. A tradição de confecção de redes de dormir no nordeste permanece até hoje utilizando a forma têxtil de tear vinda da África. 
A experiência neste ramo também inclui outra, no campo da química, nas áreas da produção de tinturas e fixadores de cores.
Sobre técnicas de construção, no Brasil há igrejas, edifícios e praças públicas que têm influencia africana. Muito do que foi realizado pelos africanos e afrodescendentes é conhecido como obras de autores anônimos, mas nos interiores das construções as assinaturas simbólicas destes construtores são realizadas pela incorporação de símbolos da cultura de base africana.
O âmbito racista da colonização e a desinformação sobre o desenvolvimento da África fizeram com que o imigrante africano fosse sempre caracterizado como mão de obra bruta, como força apenas de massa muscular e não pensante.
No Brasil, o trabalho foi durante muito tempo obra quase que exclusiva de africanos e afrodescendentes. A imigração forçada de africanos de diversas regiões trouxe um elenco surpreendente de profissionais e uma infinidade de ideias nos diversos campos do conhecimento. Da mineração, da construção, da engenharia civil, das artes, na arquitetura, na agricultura, na produção têxtil, na metalurgia, na química e farmacologia, na marcenaria e na náutica.
É importante enfatizar essa questão para dissiparmos teorias racistas a respeito da suposta inferioridade de determinados grupos humanos em relação a outros no que se refere à capacidade cognitiva para empreender o desenvolvimento em suas sociedades.
Nos séculos 18 e 19, vários cientistas publicaram trabalhos afirmando a inferioridade biológica de determinados grupos, a ponto de criar modelos mentais que identificavam os negros e índios como seres inferiores.
A negação do passado científico e tecnológico dos povos africanos foi uma das principais façanhas do eurocentrismo e que ainda hoje abala a autoestima da população africana, pois deu a impressão de que elas não tiveram uma contribuição relevante para a construção do conhecimento universal.

ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES CIENTÍFICAS E TECNOLÓGICAS DE POVOS AFRICANOS À:
a) Medicina: O título de “Pai da Medicina”, atribuído ao grego Hipócrates, corresponde a mais um equívoco cometido pelo domínio europeu. O título de “pai da medicina” seria mais apropriado ao cientista e clínico egípcio Imhontep, que quase 3 mil anos antes de Cristo praticava quase todas as técnicas básicas da medicina. O Egito possuía uma ciência médica e farmacológica sistematizada e muito desenvolvida, onde os cientistas egípcios tiveram a capacidade de promover cirurgias complexas como as cerebrais, de catarata ou o engessamento de membros com ossos quebrados, conhecer substâncias cicatrizantes e anestésicos. Na odontologia, já usavam brocas e praticavam os procedimentos de colocação de prótese e drenagem de abscessos.
Na região da atual Uganda, um cirurgião inglês presenciou, no século 19, uma cesariana feita por médicos do povo Banyoro, que demonstraram profundo conhecimento dos conceitos e técnicas do caso.
b) Astronomia: Os africanos da nação Dogon, situados na região do antigo Mali, já tinham conhecimento do satélite da estrela Sirius, invisível a olho nu. Denominavam-no de Potolo, e desenhavam, com exata precisão, a sua órbita em torno de Sirius. Conhecedores de 86 elementos fundamentais, os Dogon sabem identificar as propriedades do metal que compõe o satélite, que chamavam sagala, mais brilhante que o ferro e tão pesado que todos os seres terrestres juntos não seriam capazes de levantá-lo.
Os egípcios foram os primeiros a estabelecer a noção de ano, dividindo este em 12 partes, segundo o conhecimento que possuíam dos astros, fazendo cada mês ter 30 dias.
c) Engenharia, arquitetura e matemática: o povo Haya, entre 1500-2000 anos atrás, usava tecnologia própria para produzir aço em fornos que atingiam temperaturas mais altas que os fornos europeus até o século 19.
Outra obra impressionante são as ruínas da muralha do complexo urbano do Grande Zimbábue. Nessa monumental construção as pedras são colocadas uma em cima da outra, sem cimento, de forma semelhantes às construções dos sítios históricos do Peru.
A construção das pirâmides do antigo Egito também são exemplo de contribuição à engenharia e à arquitetura, além da matemática envolvida nessas construções ser realmente impressionante.
d) Navegação: Quem acredita que o primeiro navegador a dobrar o cabo das Tormentas, no sul da África, foi o português Bartolomeu Dias, em 1488, precisa rever seus conceitos. 2000 anos antes, um barco egípcio já havia realizado a circunavegação da África.


FONTES
CUNHA JR, Henrique. Tecnologia africana na formação brasileira. http://www.ifrj.edu.br/webfm_send/268.

CUNHA, Lázaro. Contribuição dos povos africanos para o conhecimento científico e tecnológico universal. http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp-content/uploads/2012/11/contribuicao-povos-africanos.pdf.


NKOSI, Deivison. Curso de formação política - Racismo, anti-racismo e luta de classes. 2013. https://www.youtube.com/watch?v=WicOgtpIMz4. Acesso: 08/09/2014

Tuesday, June 16, 2015

INTERPRETANDO IMAGENS

A FUNÇÃO PEDAGÓGICA DAS IMAGENS NAS IGREJAS DA BAIXA IDADE MÉDIA E NOS PRIMÓRDIOS DA IDADE MODERNA

Projeto de atividade em sala de aula apresentado para avaliação da Disciplina de Fundamentos da Psicopedagogia. Curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia da FACEL.

IDENTIFICAÇÃO

Colégio Cooperativa/Foz do Iguaçu
Diretora: Rosimeri Aguiar
Coordenadora: Ingrid Medeiros
Professora: Bárbara Mafei Aguilera
Turma: 7º A (11-12 anos)
Número de aulas: 2 (100 min)

















INTRODUÇÃO
Considerando-se as contribuições de Vigotsky, nesta faixa etária o aprendente já passou da fase dos pseudoconceitos e encontra-se rumo ao domínio do pensamento conceitual (ROSA, p.10).
Segundo Rosa (p. 8), Vigotsky faz uma importante distinção entre os conceitos espontâneos e os conceitos científicos. Os primeiros são formados “a partir da interação do sujeito com o mundo físico do dia a dia”, e os segundos normalmente são enunciados no ambiente formal do ensino. Vigotsky salienta que o desenvolvimento das bases psicológicas não ocorre necessariamente antes da aprendizagem de determinadas matérias, e sim “se desenvolvem numa interação contínua com suas contribuições”. Em muitas áreas, o aprendizado precede mesmo o desenvolvimento.

OBJETIVO
O aprendizado desta matéria específica deve influenciar o desenvolvimento de funções para além dos limites do conteúdo trabalhado. Pretende utilizar habilidades e conhecimentos pré-existentes no aluno, explorando sua Zona de Desenvolvimento Real, para que, assistido pelo professor, desenvolva na Zona de Desenvolvimento Proximal aspectos relacionados a um senso crítico mais apurado.

MATERIAL
·       * 15 cartolinas
·       * 30 pincéis
·       * 9 potes (250 ml) de tinta guache
·      *   Fita crepe
    

ATIVIDADE
Os alunos irão pintar nas cartolinas coisas assustadoras (demônios, monstros, criaturas nojentas, pessoas sofrendo, etc), ou o que lhes traz paz, ou alguma passagem bíblica (escolha livre).
Em seguida, a professora irá colar os trabalhos na parede da sala, simulando as paredes do interior de uma igreja da Baixa Idade Média/Início da Modernidade, e indagar o propósito daquele tipo de imagem nessas construções antigas.
Segundo Almeida, estas se propunham a provocar medo e desejo de salvação, garantindo o controle social da Igreja sobre a população; também para fins didáticos, no caso das imagens de passagens bíblicas, para a maioria analfabeta da população.

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Marcos Renato Holtz de. A pedagogia do medo: as diversas faces do mal no cristianismo. Universidade Presbiteriana Mackenzie |CCSA – Centro de Ciências Sociais Aplicadas. http://www.mackenzie.br/fileadmin/Chancelaria/GT6/Marcos_Renato_Holtz_de_Almeida.pdf. Acesso: 23/03/2015.